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segunda-feira, 30 de março de 2009

Lead, Chapéu, Olho, Sutiã e outras palavras que um jornalista deve conhecer

Não sou mais calouro de Comunicação Social. Agora, aquele que vos escreve é sustenido, isso é, aluno do segundo período. E como tal, tenho mais obrigações, inclusive a obrigatoriedade de inscrição em um laboratório.
O laboratório que escolhi foi o de Redação e Edição de Textos Jornalísticos e, já para a terceira aula, tenho que escrever um texto baseado no lead, com uma lauda, com título, intertítulo e sutiã.
Mas afinal, que história é essa de lead, lauda e sutiã?
Vamos começar pelo mais simples. Lauda é simplesmente uma página. O normal é considerar uma pagina de Word com letra Times 12 e espaçamento de linha 1.5. Portanto, a reportagem que devo entregar no fim da semana deve ser feita em uma página.
Seguindo o Modelo de Lasswell, toda reportagem deve responder a seis questões básicas: Quem? O quê? Onde? Quando? Por quê? Como? Essas questões costumam ser respondidas logo no primeiro parágrafo da reportagem, formando assim o chamado Lead da matéria.
Em algumas reportagens de revistas e jornais (em sites parece ser mais difícil de encontrar) sobre o título há uma pequena informação, geralmente uma frase curta relacionada ao assunto. Essa frase é chamada de Chapéu.
Logo abaixo do título, antes do parágrafo introdutório da matéria, há outro parágrafo com o objetivo de ambientar o leitor ao assunto tratado. A esse parágrafo, damos o nome de Sutiã (visto que ele "sustenta" o título, tal qual o sutiã sustenta os seios).
Separei os termos por cores, para que possa ficar mais fácil de identificá-los, na reportagem fictícia que colocarei abaixo, exemplificando o que eu disse:

Violência no Rio.
JOVEM É ASSASSINADA DURANTE TENTATIVA DE ASSALTO NA ZONA NORTE DO RIO
Ela voltava da faculdade e foi baleada durante um assalto na rua José Higino, na Tijuca.

Uma jovem de 21 anos, identificada como Alice Pena foi assassinada nessa noite (03), durante um assalto na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.

Além dos termos tratados acima, ainda há o chamado Olho. O olho é um trecho do texto destacado no meio da página. Esse trecho pode ser uma declaração marcante de alguém envolvido com o assunto ou uma informação que merece algum destaque. O que a caracteriza é que ela é destacada com aspas ou em itálico, e colocada num ponto da página que o destaque visivelmente ou gráficamente. Como exemplo, usarei uma reportagem sobre crimes eletrônicos do jornal Destak, de 30 de março de 2009:

A descoberta é fruto de dez meses de investigação

Governo Chinês nega envolvimento; para pesquisadores não há evidências contra país


da organização Information Warfare Monitor (IWM), a pedido do dalai-lama, líder espiritual do Tibete.


Outro recurso utilizado nos textos jornalísticos e que é de grande importância é o intertítulo. Apesar do jargão, também é conhecido como subtítulo, e serve para orientar cada um dos blocos da reportagem, como pode ser vista nessa matéria do Globoesporte.com, sobre a declaração do presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, dizendo que existiria uma quadrilha na Federação Mineira de Futebol:

...Como se não bastasse, Kalil chamou o árbitro da partida, Alicio Pena Júnior, de "ladrão velho".

Relembre o caso

O presidente atleticano foi denunciado em dois artigos: 187, incisos I e II...

Aqui só falei da ponta do iceberg. Ainda há muito mais termos e conceitos envolvendo a redação jornalística. Mas isso é assunto para outro dia. Espero ter ajudado os leitores desse blog que querem seguir essa carreira fascinante! E nas próximas postagens, coloco aqui a reportagem do trabalho passado pelo professor.

Lucas C. Silva

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A primeira reportagem

Parte 2: A Edição

Entrar em contato, marcar entrevista, pensar nas perguntas, ir ao hotel, entrevistar... Por incrível que pareça, essa é a parte mais fácil de fazer a matéria. Pelo menos foi a parte mais fácil na reportagem com o Renato Marsiglia.
A Carol e eu queríamos arrasar nessa matéria. O site do Sidney Rezende, onde está hospedo o site da Copa Campus, oferece um prêmio para a melhor matéria. Temos humildade para saber que dois calouros de Comunicação não seriam páreos para jornalistas mais experientes, mas queríamos que essa matéria fosse especial, diferente das outras da Copa.
A solução pra isso foi fazer uma matéria multimídia. Além do texto, coisa comum no site, queríamos colocar um vídeo, com trechos da entrevista, no melhor estilo Globoesporte.com. E lá fomos nós, dois bravos calouros com uma câmera na mão, uma idéia na cabeça e muita garra.
Como eu disse na última postagem, a reportagem correu bem, mas tivemos dois probleminhas técnicos. O primeiro: Quem filmaria? A idéia original era a Carol e eu termos uma conversa com o Renato. Pedimos a um turista para filmar a matéria, mas ele não sabia usar a câmera. Além disso, a entrevista acabou durando 32 minutos e, com certeza, aquele turista tinha mais coisas a fazer. Acabou que a Carol teve que filmar a entrevista. O segundo: Não tínhamos um microfone. A câmera captava todo o som ambiente, desde a conversa dos recepcionistas do hotel até os carros na rua. A solução foi gravar o áudio da entrevista no celular para depois fazer alguma mágica no computador (chamada edição) e colar o áudio ao vídeo.
Aí que começou a complicação. Eu disse à Carolina que eu assumiria a edição da entrevista, que ela não precisava se preocupar com nada. Ela insistiu em ajudar, mas eu disse que não precisava. Ainda mais porque ela ia pro interior do Rio naquela semana e a entrevista mais o áudio tinham uns 500mb. Não daria pra passar pelo msn. O que eu havia me esquecido é que o fim do período estava chegando. A pilha de textos para provas aumentava na mesma proporção que o tempo para lê-los diminuia. E agora eu tinha mais um trabalho nas mãos. Minha preocupação com essa reportagem mais os trabalhos e provas foi tamanha que no sábado a noite fui parar na clínica com dores no peito, no braço e formigamento na mão. Graças a Deus, não foi nada demais.
Por favor (até mesmo pra você, Carol, se ler esse texto), não pensem que ela me deixou na mão. Muito pelo contrário. Se não fosse por ela, a entrevista nem teria acontecido. Afinal, foi ela que entrou em contato com o Renato. Ela revisou o texto, criou a introdução, foi nota 10!
Meu pai e eu ficamos ontem, até quase meia noite sincronizando áudio e vídeo, cortando e colando cenas, criando vinhetas e pesquisando músicas. Como eu disse, não queria que esse vídeo ficasse ruim. Queria fazê-lo do melhor jeito que eu pudesse. Depois de muito esforço e perder o CQC (único programa da TV que assisto religiosamente), saiu esse vídeo:


Agora é esperar pela publicação da reportagem no site e pelos frutos do trabalho.
Lição tirada nessa experiência: Trabalho em equipe. Não assuma todo o trabalho sozinho. Mais uma vez, não estou aqui dizendo que a Carol foi negligente ou que não se esforçou. Muito pelo contrário. Eu é que assumi uma função complicada para fazê-la sozinho, ainda mais com tanta coisa na faculdade para fazer. Editar um vídeo, ainda mais sendo um semi-analfabeto no Vegas, não é das coisas mais fáceis do mundo.

*Carol, adorei fazer essa entrevista com você. Eu não poderia ter encontrado uma parceira tão incrível! Você tem futuro, menina!

Falando em jornalismo esportivo, aqui vai um puxão de orelha na imprensa "nacional". Ano passado, na Copa do Brasil, o Atlético Mineiro foi eliminado graças a um pênalti não dado por Carlos Eugênio Simon. No domingo, o mesmo Simon não deu um pênalti para o Flamengo. E a imprensa está fazendo uma tempestade em copo d´água por causa disso. Por que um erro contra o Flamengo causa tamanha comoção enquanto um erro contra o Atlético é apenas mais um erro?

Como disse o presidente do Cruzeiro, Alvimar de Oliveira Costa:
"Os times de Minas Gerais já foram prejudicados em inúmeras competições contra equipes do Rio. Podemos lembrar facilmente de vários exemplos: a perda do Brasileiro de 74 pelo Cruzeiro contra o Vasco e até mesmo as arbitragens favoráveis ao Flamengo contra o Atlético-MG na final de 80 e na Libertadores de 81, mas parece que esses são jogos “esquecidos” no Rio de Janeiro."

Lucas C. Silva

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A primeira reportagem

PARTE 1 - A ENTREVISTA

Era sábado. Passava das 15:30 quando eu e minha mãe estávamos saindo de bicicleta. Eu estava na entrada da garagem, tentando concertar o freio da bicicleta quando o celular tocou.
- Alô, Lucas? - me perguntou uma menina.
- Uhum.
- Aqui é a Carol. Tudo bem?
- Tudo. - tentando entender por que a Carol ia me ligar sábado a tarde.
- Tá em casa?
- Tô saindo agora, mas pode falar.
- O Renato respondeu meu e-mail. Daria pra você entrar no msn agora?
Ela não precisava falar mais nada. A volta de bicicleta não fazia mais sentido agora que a gente faria nossa primeira reportagem mais séria.
O Renato que ela se referia era o Renato Marsiglia, ex-árbitro (apitou a Copa do Mundo de 1994) e atual comentarista de arbitragem da Rede Globo. Acontece que estamos fazendo uma série de reportagens sobre arbitragem para a Copa Campus (o maior torneio de futebol universitário do Rio de Janeiro) e queríamos muito fazer uma entrevista com um ex-árbitro. Haviam três nomes na lista: José Roberto Wright, Arnaldo César Coelho e Renato Marsiglia.
Teoricamente, seria mais fácil falar com o Wright e com o Arnaldo. Ambos moram em São Paulo e vêm com freqüência ao Rio. Mandei e-mails para eles tentando marcar a entrevista, mas não retornaram. Já o Marsiglia mora em Porto Alegre. Então nem tentei entrar em contato com ele.
A Carol, por outro lado, mandou um e-mail falando da entrevista e, para nossa surpresa, o Marsiglia respondeu. Ele viria para o Rio comentar o jogo entre Fluminense e Portuguesa e, aproveitando a deixa, iríamos a seu hotel para entrevistá-lo.
Entrevista marcada, câmera, papel e gravador na mochila, parti com a Carol para o Hotel Everest, onde Marsiglia estava hospedado.
Repórter inexperiente e tímido sofre nessas horas. A entrevista até que correu bem (desconsiderando que não conseguimos filmar a primeira resposta e que não íamos gravando o áudio até o Marsiglia dar esse toque), mas teve perguntas que me enrolei um pouco e, segundo a Carol (com certa razão), fui formal demais nas perguntas.
Assim que a reportagem sair no site, coloco o link aqui.

Para você que tá estudando Comunicação Social ou Jornalismo, aqui vão algumas lições que aprendi nessa primeira reportagem:

1 - Se te derem uma lista de possíveis entrevistados, mesmo que morem do outro lado do país, entre em contato com eles.
2 - Leve sempre um gravador de áudio com você. Pode ser um gravador de fita, mp3 ou celular mesmo. Ele será seu melhor amigo.
3 - Não seja formal demais nem informal demais. Entrevista boa é aquela que flui como uma conversa.

Boa sorte aos futuros jornalistas!
Lucas C. Silva

Em breve, a parte 2: A EDIÇÃO