terça-feira, 13 de abril de 2010

O que o Parque das Mangabeiras tem a oferecer.

Por Lucas C. Silva

A estrada de pedra segue por meio da mata fechada. Aqui e ali, surgem pequenas aves pretas chamadas jacupebas. As vezes, outras aves também aparecem, as saracuras. Com um pouco de sorte, é possível ver um ou outro sagüi-estrela. Repentinamente, a estrada vira a direita, subindo ainda mais a Serra do Curral. Quem não quer dar a volta, seguindo por ela, pode subir a escada construída no morro. Ao terminar a caminhada, o visitante se vê numa plataforma de madeira, de onde se vê grande parte da Serra do Curral, além do bairro das Mangabeiras e, no meio das montanhas, a cidade de Belo Horizonte. A 1100 metros de altitude, esta é a vista que se tem a partir do Mirante da Mata, um dos pontos mais visitados do Parque das Mangabeiras.

Panorâmica do Mirante da Mata - Lucas C. Silva

Localizado na Região Centro-Sul da capital mineira, na base da Serra do Curral, o Parque das Mangabeiras é a segunda maior reserva ambiental urbana do Brasil, atrás apenas da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Criado em 1974 e inaugurado apenas em 1982, o parque possui uma área de 2.350.000 metros quadrados onde abriga 21 nascentes, além de inúmeras espécies animais e vegetais. Para os turistas, além da vista do mirante, o parque oferece trilhas no meio da mata, quadras poliesportivas, um jardim projetado por Burle Marx, além da oportunidade de entrar em contato com a natureza na terceira maior região metropolitana do país.

Logo na entrada, o visitante encontra uma ampla praça, com um espelho d’água repleto de carpas, além de inúmeras flores, no jardim projetado por Burle Marx. Na Praça das Águas ocorre a maioria dos eventos sediados no parque, tais como a Seresta ao Pé da Serra, a cada 15 dias, sempre às sextas-feiras, a Semana do Meio Ambiente em junho e o Fantástico Mundo da Criança, em outubro.

Praça das Águas - Everaldo Vilela

Mesmo sem receber eventos, a praça é um interessante cartão de boas vindas, onde o visitante encontra uma série de facilidades tais como restaurante, posto médico, teatro de arena e cabine de informações, onde pode-se comprar a ração para alimentar as carpas dali. A visita se torna ainda mais agradável com o visual da Serra do Curral e da própria cidade proporcionada pela posição intermediária na cadeia de montanhas. E para completar o encantamento aos turistas, jacupebas e saracuras caminham pela praça tranqüilamente, ao lado das pessoas, buscando algo para comer.

Da Praça das Águas saem as três trilhas principais do Parque das Mangabeiras: O Roteiro do Sol, o Roteiro da Mata e o Roteiro das Águas. Promovendo um maior contato entre as pessoas e a natureza na terceira maior região metropolitana do Brasil, as trilhas, cuja caminhada varia de 4 a 40 minutos são boas opções de passeios para todas as idades.

A trilha mais curta e mais recomendada às crianças é o Roteiro do Sol. Partindo da Praça das Águas, na direção do estacionamento, permite uma caminhada de 4 minutos pela mata fechada da Serra do Curral, levando o turista à uma série de atrações, tais como o Parque Esportivo, a Praça do Britador e a Ciranda dos Brinquedos.

O Parque Esportivo conta com 20 quadras de peteca, além de seis quadras poliesportivas, onde pode-se praticar vôlei, futebol e basquete. É uma opção segura de lazer, uma vez que está isolada dos animais que habitam o parque, além de contar com centro médico e um prédio da administração onde pode se alugar as quadras e o equipamento de jogo.

Logo a frente, encontra-se a Praça do Britador, que mantém o equipamento utilizado na época em que o parque ainda era área de exploração mineral da Ferrobel, Ferro Belo Horizonte S.A. O gramado amplo permite a construção de palcos, além da concentração de um grande público durante os shows realizados no parque.

A trilha termina na Ciranda dos Brinquedos, uma área de diversão desenvolvida especialmente para as crianças. A área é dividida entre dois playgrounds e a Cidade das Bonecas. A cidade é construída em miniatura, com casas e igrejas do tamanho certo para crianças brincarem. A área conta com monitores que desenvolvem atividades ali mesmo e no Parque Esportivo.

Cidade das Bonecas - Jonas Drumond

A segunda trilha é o Roteiro da Mata. Com 1200m de comprimento, a trilha termina no Vale dos Quiosques, na parte alta do parque. Apesar disso, o principal ponto de interesse na trilha é o Mirante da Mata, uma plataforma de madeira de onde se tem uma belíssima visão panorâmica da região.

Trilha da Mata - Ricardo Ferraz Bastos

Para chegar ao mirante, existem duas formas: A primeira é seguir o Roteiro da Mata a partir de seu início, na entrada do parque. Por esse caminho, que na verdade é a estrada que leva ao Pico Belo Horizonte, o visitante tem a oportunidade de conhecer o Viveiro e o Orquidário, construído para abrigar as plantas capturadas ilegalmente dos parques municipais da capital mineira. A poucos metros dali se encontra o Centro de Educação Ambiental, CEAM, onde são oferecidas oficinas e cursos onde ensinam os caminhos para uma maior integração entre homem e natureza.

Para quem está na Praça das Águas e não quer voltar à entrada do parque, a opção para seguir o Roteiro da Mata é ir a uma pequena trilha próxima ao Teatro de Arena. O caminho se embrenha pela floresta, tendo como a principal atração as Ilhas do Passatempo.

As Ilhas do Passatempo são uma área de descanso muito arborizada onde se encontram mesas preparadas para se jogar trilha, xadrez e damas. O visitante se sente ainda mais acolhido quando os muitos sagüis-estrela vem brincar muito próximo, chegando a subir nas mesas ocupadas pelos turistas. Apesar de os animais virem comer na mão dos visitantes, a administração do parque proíbe a prática pois existe o risco da transmissão de doenças, inclusive a raiva.

Após passar pelas Ilhas do Passatempo, a trilha sobe por uma clareira até chegar à estrada do Roteiro da Mata. Nesta subida, o visitante já tem uma pequena demonstração do que encontrará no mirante, quase um quilômetro a frente. Dela é possível ver Belo Horizonte surgir do meio das montanhas.

Vista prévia de Belo Horizonte - Lucas C. Silva

Após uma caminhada de 18 minutos, o visitante chega à uma plataforma de madeira construída próxima a uma encosta na serra. Da plataforma brotam pedras de minério de ferro, onde o turista pode se sentar, caso queira descansar. Do Mirante da Mata, tem-se uma das mais belas vistas de Belo Horizonte, sendo possível enxergar grande parte do centro da cidade, além do bairro das Mangabeiras e de grande parte da Serra do Curral. Uma vista inesquecível, que atrai diariamente centenas de visitantes de todas as idades e origens.

Mirante da Mata - José Gustavo A. Murta

Um pouco depois do mirante, onde termina o Roteiro da Mata, encontra-se o Vale dos Quiosques, onde os visitantes tem a oportunidade de fazer piqueniques e refeições com privacidade. No local, 18 quiosques estão espalhados por entre árvores, sendo um local agradável para se passar horas com amigos e familiares.

O mais recomendável é fazer esse passeio aos fins de semana e feriados, uma vez que nestes dias, o movimento no parque é mais intenso. Durante a semana, o local é visitado por pessoas de todas as idades que procuram um lugar para fazer caminhada, porém o movimento é muito menor. Para quem não quer andar os 1200 metros da trilha, existe a opção de pegar o ônibus interno, que sai da entrada do Parque das Mangabeiras.

O Roteiro das Águas é a maior das trilhas. Descendo a Serra do Curral, a trilha corta o parque na direção da Portaria Norte, passando por vários cursos d’água presentes ali, sendo a Cascatinha e o Lago dos Sonhos os mais importantes.

A trilha, outra estrada de pedra tal qual o Roteiro da Mata, começa na Praça das Águas, e desce o parque. Em pouco tempo, o visitante está no meio da mata, cercado por inúmeras espécies de animais e vegetais, num caminho mais fechado e fresco que os outros do parque.

Após 13 minutos de caminhada, o visitante se depara com o primeiro dos cursos d’água maiores, o Recanto da Cascatinha. A ponte de madeira que corta o riacho mostra-se um local interessante para se fotografar. No recanto, além dos sagüis, esquilos e da infinidade de aves, existem répteis, como cobras não peçonhentas, e anfíbios, inclusive as duas espécies ali descobertas. O visitante conta com sanitários e mesas para fazer refeições e descansar, para seguir sua caminhada rumo ao Lago dos Sonhos.

Recanto da Cascatinha - Nelson CLM

A medida que se aproxima do Lago dos Sonhos, é possível perceber uma maior concentração de quatis. Na parte baixa da Serra do Curral, dentro do parque, o número destes animais que pode ser visto nas matas perto da trilha é impressionante. Tal qual muitos dos outros animais do parque, os quatis são mansos, mas não custa lembrar, qualquer contato com eles é proibido.

Quatis fuçando o lixo - Lucas C. Silva

Um dos motivos para a proibição é a não interferência nos hábitos alimentares dos quatis. Ainda assim, é comum vê-los vasculhando lixeiras, procurando os restos de comida deixados pelos visitantes. As lixeiras localizadas ao lado do Lago dos Sonhos são as que mais atraem os animais, promovendo um espetáculo inesquecível, porém preocupante.

No final do Roteiro das Águas, é recomendado que o Lago dos Sonhos seja o último ponto a ser visitado no Parque das Mangabeiras, caso o visitante deseje apenas caminhar pelo parque. Primeiramente, por estar no ponto mais baixo da Serra do Curral, depois de uma caminhada de mais de 1 quilômetro, em descida. Além disso, a calmaria do lugar, suas águas tão limpas e a presença dos quatis são uma excelente despedida do local para os turistas e um apelo para que eles retornem ao parque. Para quem quiser voltar à Praça das Águas, existe a opção de pegar o ônibus interno, uma viagem mais rápida, porém menos contemplativa do parque.

Laguinho dos Sonhos - Jonas Drumond

Com quiosques para alimentação e outras facilidades, além da própria vista do espelho d’água pura emoldurado com mais uma ponte de madeira, o Lago dos Sonhos é muito procurado por fotógrafos, casais de namorados e visitantes em geral. A presença dos quatis, peixinhos além das outras espécies animais já citadas torna o lugar ainda mais agradável. Do outro lado da estrada, que segue rumo à Portaria Norte, a água do lago escoa, sendo uma opção para o turista se refrescar, após uma longa caminhada até ali.

Moradores e visitantes de Belo Horizonte que procuram por uma área ampla, onde se tenha contato com a natureza e especialmente, uma visão privilegiada da capital mineira e das serras que a circundam encontrarão no Parque das Mangabeiras um local que atende a todas as expectativas. Quem visitar o segundo maior parque urbano do Brasil, encontrará uma ilha de sossego no meio de uma cidade cada vez mais movimentada, desejando retornar ao parque inúmeras vezes.

O Parque das Mangabeiras funciona das terças-feiras aos domingos e feriados das 8:00h às 18:00h e a entrada é gratuita. Caso o visitante não queira ou não possa ir ao parque de carro, a melhor opção é pegar o ônibus 4103 – Aparecida/Mangabeiras – na avenida Afonso Pena, entre a avenida Amazonas e rua Tamoios, lado par. O ônibus deixa o visitante na entrada Sul do parque, que está localizado no final da avenida José Patrocínio Pontes. Já quem desejar visitar o parque a partir da entrada Norte, deverá seguir até a avenida Bandeirantes, ambas as entradas no bairro das Mangabeiras.

Para mais informações, acesse http://www.pbh.gov.br/mangabeiras/navega00.htm ou ligue para (0xx31) 3277-9697.

5 comentários:

Debora Ferreira disse...

oi lucas!
amei o texto e de verdade, fiquei com muita vontade de ir lá no parque! tenho certeza que ele é tudo de bom ! ;)

p.s.: o endereço do site tá errado.. é www.pbh.gov.br

beijos!

Bruna disse...

Hummm!! Dá ainda mais vontade de ir lá!!!
e para matar você de inveja... vou nesta quarta-feira!! hehe

Anônimo disse...

Lucas,
Você fez um texto bem escrito, didático e com algum resgate histórico. Sabia que o parque era grande mas não tinha ideia que era o segundo parque urbano do país!
Costumo frequentá-lo com os meus filhos e com visitantes da nossa cidade... Todos ficam admirados.
Um grande abraço.

Rogério Becattini.

Jonas Drumond disse...

Cara que doido as munhas fotos aqui... perfeitas...

Unknown disse...

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