terça-feira, 13 de abril de 2010

O que o Parque das Mangabeiras tem a oferecer.

Por Lucas C. Silva

A estrada de pedra segue por meio da mata fechada. Aqui e ali, surgem pequenas aves pretas chamadas jacupebas. As vezes, outras aves também aparecem, as saracuras. Com um pouco de sorte, é possível ver um ou outro sagüi-estrela. Repentinamente, a estrada vira a direita, subindo ainda mais a Serra do Curral. Quem não quer dar a volta, seguindo por ela, pode subir a escada construída no morro. Ao terminar a caminhada, o visitante se vê numa plataforma de madeira, de onde se vê grande parte da Serra do Curral, além do bairro das Mangabeiras e, no meio das montanhas, a cidade de Belo Horizonte. A 1100 metros de altitude, esta é a vista que se tem a partir do Mirante da Mata, um dos pontos mais visitados do Parque das Mangabeiras.

Panorâmica do Mirante da Mata - Lucas C. Silva

Localizado na Região Centro-Sul da capital mineira, na base da Serra do Curral, o Parque das Mangabeiras é a segunda maior reserva ambiental urbana do Brasil, atrás apenas da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Criado em 1974 e inaugurado apenas em 1982, o parque possui uma área de 2.350.000 metros quadrados onde abriga 21 nascentes, além de inúmeras espécies animais e vegetais. Para os turistas, além da vista do mirante, o parque oferece trilhas no meio da mata, quadras poliesportivas, um jardim projetado por Burle Marx, além da oportunidade de entrar em contato com a natureza na terceira maior região metropolitana do país.

Logo na entrada, o visitante encontra uma ampla praça, com um espelho d’água repleto de carpas, além de inúmeras flores, no jardim projetado por Burle Marx. Na Praça das Águas ocorre a maioria dos eventos sediados no parque, tais como a Seresta ao Pé da Serra, a cada 15 dias, sempre às sextas-feiras, a Semana do Meio Ambiente em junho e o Fantástico Mundo da Criança, em outubro.

Praça das Águas - Everaldo Vilela

Mesmo sem receber eventos, a praça é um interessante cartão de boas vindas, onde o visitante encontra uma série de facilidades tais como restaurante, posto médico, teatro de arena e cabine de informações, onde pode-se comprar a ração para alimentar as carpas dali. A visita se torna ainda mais agradável com o visual da Serra do Curral e da própria cidade proporcionada pela posição intermediária na cadeia de montanhas. E para completar o encantamento aos turistas, jacupebas e saracuras caminham pela praça tranqüilamente, ao lado das pessoas, buscando algo para comer.

Da Praça das Águas saem as três trilhas principais do Parque das Mangabeiras: O Roteiro do Sol, o Roteiro da Mata e o Roteiro das Águas. Promovendo um maior contato entre as pessoas e a natureza na terceira maior região metropolitana do Brasil, as trilhas, cuja caminhada varia de 4 a 40 minutos são boas opções de passeios para todas as idades.

A trilha mais curta e mais recomendada às crianças é o Roteiro do Sol. Partindo da Praça das Águas, na direção do estacionamento, permite uma caminhada de 4 minutos pela mata fechada da Serra do Curral, levando o turista à uma série de atrações, tais como o Parque Esportivo, a Praça do Britador e a Ciranda dos Brinquedos.

O Parque Esportivo conta com 20 quadras de peteca, além de seis quadras poliesportivas, onde pode-se praticar vôlei, futebol e basquete. É uma opção segura de lazer, uma vez que está isolada dos animais que habitam o parque, além de contar com centro médico e um prédio da administração onde pode se alugar as quadras e o equipamento de jogo.

Logo a frente, encontra-se a Praça do Britador, que mantém o equipamento utilizado na época em que o parque ainda era área de exploração mineral da Ferrobel, Ferro Belo Horizonte S.A. O gramado amplo permite a construção de palcos, além da concentração de um grande público durante os shows realizados no parque.

A trilha termina na Ciranda dos Brinquedos, uma área de diversão desenvolvida especialmente para as crianças. A área é dividida entre dois playgrounds e a Cidade das Bonecas. A cidade é construída em miniatura, com casas e igrejas do tamanho certo para crianças brincarem. A área conta com monitores que desenvolvem atividades ali mesmo e no Parque Esportivo.

Cidade das Bonecas - Jonas Drumond

A segunda trilha é o Roteiro da Mata. Com 1200m de comprimento, a trilha termina no Vale dos Quiosques, na parte alta do parque. Apesar disso, o principal ponto de interesse na trilha é o Mirante da Mata, uma plataforma de madeira de onde se tem uma belíssima visão panorâmica da região.

Trilha da Mata - Ricardo Ferraz Bastos

Para chegar ao mirante, existem duas formas: A primeira é seguir o Roteiro da Mata a partir de seu início, na entrada do parque. Por esse caminho, que na verdade é a estrada que leva ao Pico Belo Horizonte, o visitante tem a oportunidade de conhecer o Viveiro e o Orquidário, construído para abrigar as plantas capturadas ilegalmente dos parques municipais da capital mineira. A poucos metros dali se encontra o Centro de Educação Ambiental, CEAM, onde são oferecidas oficinas e cursos onde ensinam os caminhos para uma maior integração entre homem e natureza.

Para quem está na Praça das Águas e não quer voltar à entrada do parque, a opção para seguir o Roteiro da Mata é ir a uma pequena trilha próxima ao Teatro de Arena. O caminho se embrenha pela floresta, tendo como a principal atração as Ilhas do Passatempo.

As Ilhas do Passatempo são uma área de descanso muito arborizada onde se encontram mesas preparadas para se jogar trilha, xadrez e damas. O visitante se sente ainda mais acolhido quando os muitos sagüis-estrela vem brincar muito próximo, chegando a subir nas mesas ocupadas pelos turistas. Apesar de os animais virem comer na mão dos visitantes, a administração do parque proíbe a prática pois existe o risco da transmissão de doenças, inclusive a raiva.

Após passar pelas Ilhas do Passatempo, a trilha sobe por uma clareira até chegar à estrada do Roteiro da Mata. Nesta subida, o visitante já tem uma pequena demonstração do que encontrará no mirante, quase um quilômetro a frente. Dela é possível ver Belo Horizonte surgir do meio das montanhas.

Vista prévia de Belo Horizonte - Lucas C. Silva

Após uma caminhada de 18 minutos, o visitante chega à uma plataforma de madeira construída próxima a uma encosta na serra. Da plataforma brotam pedras de minério de ferro, onde o turista pode se sentar, caso queira descansar. Do Mirante da Mata, tem-se uma das mais belas vistas de Belo Horizonte, sendo possível enxergar grande parte do centro da cidade, além do bairro das Mangabeiras e de grande parte da Serra do Curral. Uma vista inesquecível, que atrai diariamente centenas de visitantes de todas as idades e origens.

Mirante da Mata - José Gustavo A. Murta

Um pouco depois do mirante, onde termina o Roteiro da Mata, encontra-se o Vale dos Quiosques, onde os visitantes tem a oportunidade de fazer piqueniques e refeições com privacidade. No local, 18 quiosques estão espalhados por entre árvores, sendo um local agradável para se passar horas com amigos e familiares.

O mais recomendável é fazer esse passeio aos fins de semana e feriados, uma vez que nestes dias, o movimento no parque é mais intenso. Durante a semana, o local é visitado por pessoas de todas as idades que procuram um lugar para fazer caminhada, porém o movimento é muito menor. Para quem não quer andar os 1200 metros da trilha, existe a opção de pegar o ônibus interno, que sai da entrada do Parque das Mangabeiras.

O Roteiro das Águas é a maior das trilhas. Descendo a Serra do Curral, a trilha corta o parque na direção da Portaria Norte, passando por vários cursos d’água presentes ali, sendo a Cascatinha e o Lago dos Sonhos os mais importantes.

A trilha, outra estrada de pedra tal qual o Roteiro da Mata, começa na Praça das Águas, e desce o parque. Em pouco tempo, o visitante está no meio da mata, cercado por inúmeras espécies de animais e vegetais, num caminho mais fechado e fresco que os outros do parque.

Após 13 minutos de caminhada, o visitante se depara com o primeiro dos cursos d’água maiores, o Recanto da Cascatinha. A ponte de madeira que corta o riacho mostra-se um local interessante para se fotografar. No recanto, além dos sagüis, esquilos e da infinidade de aves, existem répteis, como cobras não peçonhentas, e anfíbios, inclusive as duas espécies ali descobertas. O visitante conta com sanitários e mesas para fazer refeições e descansar, para seguir sua caminhada rumo ao Lago dos Sonhos.

Recanto da Cascatinha - Nelson CLM

A medida que se aproxima do Lago dos Sonhos, é possível perceber uma maior concentração de quatis. Na parte baixa da Serra do Curral, dentro do parque, o número destes animais que pode ser visto nas matas perto da trilha é impressionante. Tal qual muitos dos outros animais do parque, os quatis são mansos, mas não custa lembrar, qualquer contato com eles é proibido.

Quatis fuçando o lixo - Lucas C. Silva

Um dos motivos para a proibição é a não interferência nos hábitos alimentares dos quatis. Ainda assim, é comum vê-los vasculhando lixeiras, procurando os restos de comida deixados pelos visitantes. As lixeiras localizadas ao lado do Lago dos Sonhos são as que mais atraem os animais, promovendo um espetáculo inesquecível, porém preocupante.

No final do Roteiro das Águas, é recomendado que o Lago dos Sonhos seja o último ponto a ser visitado no Parque das Mangabeiras, caso o visitante deseje apenas caminhar pelo parque. Primeiramente, por estar no ponto mais baixo da Serra do Curral, depois de uma caminhada de mais de 1 quilômetro, em descida. Além disso, a calmaria do lugar, suas águas tão limpas e a presença dos quatis são uma excelente despedida do local para os turistas e um apelo para que eles retornem ao parque. Para quem quiser voltar à Praça das Águas, existe a opção de pegar o ônibus interno, uma viagem mais rápida, porém menos contemplativa do parque.

Laguinho dos Sonhos - Jonas Drumond

Com quiosques para alimentação e outras facilidades, além da própria vista do espelho d’água pura emoldurado com mais uma ponte de madeira, o Lago dos Sonhos é muito procurado por fotógrafos, casais de namorados e visitantes em geral. A presença dos quatis, peixinhos além das outras espécies animais já citadas torna o lugar ainda mais agradável. Do outro lado da estrada, que segue rumo à Portaria Norte, a água do lago escoa, sendo uma opção para o turista se refrescar, após uma longa caminhada até ali.

Moradores e visitantes de Belo Horizonte que procuram por uma área ampla, onde se tenha contato com a natureza e especialmente, uma visão privilegiada da capital mineira e das serras que a circundam encontrarão no Parque das Mangabeiras um local que atende a todas as expectativas. Quem visitar o segundo maior parque urbano do Brasil, encontrará uma ilha de sossego no meio de uma cidade cada vez mais movimentada, desejando retornar ao parque inúmeras vezes.

O Parque das Mangabeiras funciona das terças-feiras aos domingos e feriados das 8:00h às 18:00h e a entrada é gratuita. Caso o visitante não queira ou não possa ir ao parque de carro, a melhor opção é pegar o ônibus 4103 – Aparecida/Mangabeiras – na avenida Afonso Pena, entre a avenida Amazonas e rua Tamoios, lado par. O ônibus deixa o visitante na entrada Sul do parque, que está localizado no final da avenida José Patrocínio Pontes. Já quem desejar visitar o parque a partir da entrada Norte, deverá seguir até a avenida Bandeirantes, ambas as entradas no bairro das Mangabeiras.

Para mais informações, acesse http://www.pbh.gov.br/mangabeiras/navega00.htm ou ligue para (0xx31) 3277-9697.

domingo, 28 de março de 2010

Só fechamos sábado e domingo, para tomar nossa cervejinha.

Texto e fotos de Lucas C. Silva

Localizado na divisa entre Botafogo e Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o Campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro recebe milhares de pessoas todos os dias. Além da Universidade e suas unidades anexas, como os Centros de Psiquiatria e Neurologia, o campus abriga o Hospital Philipe Pinel, a casa de shows Canecão e a Casa da Ciência além de estar localizado próximo de shoppings, praias e outras universidades. Esta posição estratégica atrai diariamente milhares de pessoas, entre alunos, funcionários, professores, pacientes e transeuntes. Muitas delas acabam se alimentando no próprio campus, especialmente no Sujinho.

Vista geral do Sujinho

Principal área de alimentação do campus, o Sujinho recebe diariamente centenas de visitas. Localizado próximo à saída da rua Lauro Müller, é passagem obrigatória para quem quer cortar caminho entre a Avenida Pasteur e a região do Shopping Rio Sul. Todos os dias, especialmente entre as 11 e as 14 horas, centenas de pessoas disputam uma mesa – e à sombra, de preferência – na praça de alimentação. Tendo como opções o Restaurante do Seu Manuel, os traileres de lanches de Margarida e de Soraia e Júlio, as pessoas fazem do Sujinho uma das principais opções de alimentação da região. O que poucos sabem é que a atividade começa muito cedo.

5:30 da madrugada. Enquanto muitos alunos e funcionários ainda dormem, e antes mesmo de a luz do sol iluminar o Sujinho, as luzes do Restaurante do Seu Manuel estão acesas. Na cozinha, Bigode, como é conhecido o cozinheiro José Ribamar Rodrigues já começa a separar o feijão e a preparar tudo para cozinhar para as centenas de pessoas que almoçam ali todos os dias. Entre 6:40h e 7:00h, André Luiz Villaverde, auxiliar de Bigode, chega e inicia a preparação do café da manhã servido pelo restaurante a partir das 7:00h.

Bigode nasceu em Quixeramobim, na região central do Ceará, e se mudou para o Rio de Janeiro há 39 anos. Já passou por vários restaurantes antes de chegar ao do Seu Manuel, onde trabalha há mais de 10 anos. “Fico aqui porque a casa é boa!” Diz enquanto prepara a cozinha para mais um dia de trabalho. André Luiz é carioca da Vila da Penha. Começou a trabalhar no restaurante em 1996 e ficou ali até 2001, quando foi trabalhar numa locadora de filmes. Retornou em 2007 e continua na cozinha até hoje. “Voltei porque aqui pagam melhor e no dia certo. Não atrasa.” Comenta. A dupla começa cedo e na hora do pico chega a servir um prato a cada dois minutos. E não são poucos. Diariamente, são servidos cerca de cem pratos feitos, considerando que muitos deles são porções para duas pessoas. O mais pedido é o arroz, feijão, frango grelhado e fritas. Nas férias escolares a média cai para 40 pratos. “Nós só fechamos sábado e domingo, quando vamos para a praia tomar nossa cervejinha, que é de lei!” Comenta Seu Manuel com um sorriso.

Seu Manuel vive no Rio de Janeiro há 42 anos. Vindo de Itaocara, cidadezinha localizada às margens do Rio Paraíba do Sul, próximo da divisa com Minas Gerais, chegou ao restaurante da Faculdade de Economia em 1968, ainda como empregado. Em 1973, estabeleceu-se como proprietário do restaurante, iniciando uma carreira que dura até hoje. “Essa cantina surgiu de repente para mim. O antigo dono saiu, não sei como, mas sei que me trouxeram para cá e estou aqui até hoje.”

Nestes 37 anos, apesar de não se lembrar de algo de muito incomum que tenha acontecido em seu restaurante, Seu Manuel recorda de alguns clientes especiais que teve. “O mais conhecido deles foi o Bussunda.” O comediante, morto de ataque cardíaco durante a Copa do Mundo de 2006, orgulhava-se por ter passado em penúltimo lugar na Escola de Comunicação da UFRJ e era um cliente costumeiro do restaurante. “Durante todo período que estudou aqui, ele sempre vinha, almoçava, fazia lanche.” Quando perguntado sobre a personalidade do futuro Casseta, Seu Manuel revela, Bussunda era um aluno normal, até sério.

Além do comediante, outro cliente especial para Seu Manuel foi seu filho, Leandro, que também estudou Comunicação Social no Campus, porém mais recentemente, nos anos 90. “Ele vinha, fazia filmagem, entrevista, assim como você está fazendo.” Comenta o dono do restaurante. Depois de formado, Leandro ainda cursou Administração, mas acabou trabalhando em outra área, por falta de emprego.

Restaurante do Seu Manuel

A equipe do Restaurante do Seu Manuel é composta por 6 homens. Sebastião Gomes, o Tião, é o mais experiente do grupo, está no Sujinho há 25 anos, pouco depois de chegar também de Itaocara. Antes de ir para a UFRJ, trabalhou rapidamente numa cantina no Instituto Benjamin Constant. Todos os dias chega ainda pela manhã, e logo começa a preparar o restaurante para receber os clientes que passarão ali. Entre os que já passaram, Tião lembra de vários que acabaram se tornando conhecidos. “Houve vários economistas famosos que passaram por aqui, mas não lembro o nome. Da Comunicação tem o Wladimir Neto, do Jornal da Globo que se formou aqui. Serginho França, editor de revista famoso também passou por aqui. O Bussunda eu cheguei a encontrar aqui, mas quando cheguei ele estava se formando.” Além dos famosos, Tião conhece várias histórias engraçadas, como a do aluno de Comunicação que recolheu o dinheiro dos amigos para comprar cerveja e foi embora, sem dar satisfação a ninguém. Além de Tião, o restaurante conta com outros funcionários queridos dos alunos, como Ismael, Romarinho e o mais novo da casa, Josias. Este último, há apenas três semanas no restaurante, trabalhava como jardineiro no Campus da Praia Vermelha e, ao saber que surgiu uma vaga como garçom, fez a tentativa, bem sucedida.

O Restaurante do Seu Manuel é o ponto mais procurado por quem passa pelo Sujinho, mas não é o único. Entre as 11 e as 14 horas, no horário de pico, enquanto muitas pessoas disputam as mesas e as raras sombras do lugar, Júlio, Soraia e Margarida fazem sanduíches a poucos metros do Restaurante. Margarida foi a primeira a se instalar no Campus, ainda nos anos 80. Seu filho, Júlio e Soraia chegaram nos anos 90.

Margarida foi a primeira, entre os donos de traileres do Sujinho, a chegar na Praia Vermelha, ainda em 1987. Seu trailer ficava próximo à Faculdade de Educação, ao lado da piscina do campus. Antes de chegar ao Sujinho nos anos 90, seu trailer ainda foi transferido para perto do Instituto Philippe Pinel. Na época, a antiga dona não podia mais trabalhar e a convidou para ser sua auxiliar. Aquele era seu primeiro emprego, uma vez que o marido não permitia que Margarida trabalhasse. Depois de um ano trabalhando com uma amiga, Margarida assumiu o trailer sozinha. Por algum tempo, esteve trabalhando com alguns ajudantes, porém sem sucesso. Então, no começo dos anos 90, Margarida receberia uma ajuda que a acompanha até hoje. Seu filho, Júlio.

Júlio começou trabalhando com sua mãe, ao concluir o primeiro grau. Flamenguista, chegou a jogar nas categorias de base do Fluminense chegou a jogar com o goleiro Fernando Henrique. “Tive que deixar o futebol quando o centro de treinamento foi transferido para Xerém. Eu morava no Flamengo na época, então era fácil ir até as Laranjeiras treinar. Depois que foi para Xerém, complicou”. Júlio gosta do que faz, mas sonha trabalhar com esportes. “Tenho vontade de ser professor de educação física, ou mesmo comentarista esportivo. Só que me falta tempo e dinheiro. Não tenho como pagar uma particular e a pública funciona no momento que estou trabalhando.” Disse. Apesar de oficialmente trabalhar no trailer de Margarida, é no de Soraia que ele é mais visto.

Em 1991, Soraia chegava ao campus da Praia Vermelha. Até então, Soraia era estudante, porém no ano em que ia prestar vestibular, seu pai morreu de câncer no estômago. “Aquilo desestabilizou minha família. Meus pais haviam perdido um filho aos 23 anos, vítima de acidente de trânsito e com a morte do meu pai, minha mãe ficou muito abalada.” Sem ter quem a sustentasse, Soraia largou os estudos e, graças a uma indicação de uma amiga, conseguiu emprego no campus. “No começo foi muito complicado. Eu só sabia fazer ovo mexido. Os alunos me pediam um X-Egg e eu perguntava se poderia fazer ovo mexido para eles. Penei muito, riram muito de mim, mas não desisti.” Lembra Soraia. Com o passar do tempo, Soraia foi se adaptando e conquistando a amizade dos alunos. “Tinha um grupo, de alunos de Serviço Social, Economia e Psicologia que sempre estava aqui. No meu aniversário eles trouxeram um bolo e cantaram parabéns, já saímos muitas vezes juntos. Teve um deles, o Lincoln, que chegou para mim e disse ‘Soraia, vou ter que sair daqui, senão não consigo terminar minha faculdade’.” Lembra com um sorriso. Trabalhando no Sujinho, Soraia conheceu Júlio. Surgiu entre os dois uma amizade, que depois se transformou em namoro e desde 1995 estão casados.

Ao chegar, por volta das 8:00h, Margarida, Júlio e Soraia organizam seus traileres. Fazem as limpezas necessárias, colocam as bebidas para gelar e preparam o recheio do sanduíche natural, pré-preparado na noite anterior. Ainda pela manhã, os clientes não demoram a aparecer. "Eles costumam pedir suco de laranja, suco de mamão, abacaxi, misto quente." Diz Júlio. Ao longo do dia, os pedidos vão variando, sendo que o mais comum é o boina – pão que pode variar entre o sírio, integral ou de hambúrguer, chester, queijo minas, batata palha, alface, tomate e molho rosé – além dos diversos típos de hamburgueres vendidos ali. “Ás vezes alguém vem pedir para acrescentar ou tirar alguma coisa. Quando há possibilidade, a gente aumenta um pouco, mas não é sempre. Porque, você tá na hora do movimento e você já tem aquele padrão na cabeça e quando atende muita gente ao mesmo tempo, e você sai do padrão, acaba errando.” Completa.

Para muitos estudantes da Praia Vermelha, o fim da semana começava às quintas-feiras, quando acontecia o conhecido Samba do Sujinho. Alunos de diversos períodos e cursos se agrupavam na praça de alimentação e, abastecidos a cerveja, festejavam até altas horas da noite. A lei proibia a venda de cervejas no campus, a Sub-Prefeitura da Praia Vermelha a ignorava e todos celebravam o final da semana antecipado. Porém, no início de 2009, a Sub-Prefeitura intensificou a fiscalização e proibiu a venda de cerveja no campus. Os alunos, como forma de protesto, organizaram um samba no bar do DCE, samba este que terminou em quebra-quebra, causado pela discussão entre dois estudantes. Uma das consequências da briga foi a proibição definitiva da venda de bebidas alcoólicas no campus.

Os alunos não gostaram da medida, Seu Manuel menos ainda. “Isso me prejudicou muito. Houve uma confusão lá no DCE e acabaram proibindo cerveja aqui. E no (Campus do) Fundão não é proibido!.” Reclama. “Durante o dia nem tanto, mas a noite temos muito prejuízo. Sempre vendemos um tira-gosto, um sanduíche. Sem a cerveja, o pessoal sai da faculdade e vai para os bares de fora.” Completa. Tião reclama da diminuição da movimentação “Sinto muita falta dos alunos. Eles ficavam aqui brincando, conversando, tocando música e agora foram embora. Isso foi uma perda muito grande, até para os próprios alunos que ficavam aí confraternizando, num lugar seguro, com apenas alunos.” O trailer de Soraia e Júlio também foi prejudicado pela proibição da cerveja, porém numa escala menor. “Apesar de não podermos vender bebida alcoólica, quando os alunos faziam reuniões aqui no Sujinho, eles sempre bebiam lá no Seu Manuel e vinham comer aqui com a gente. Deve ter sido muito pior para quem já vendia cerveja, como o Seu Manuel e outras pessoas.” Diz Júlio, se referindo às reuniões de socialização que veteranos fazem com calouros, geralmente uma semana antes do início das aulas.

Apesar de menor, o movimento noturno do Sujinho ainda existe. O Restaurante do Seu Manuel troca os pratos feitos por sanduíches, incluindo hambúrgueres e misto-quentes, assim como o traileres de Júlio e Soraia. Margarida vai embora mais cedo, às 18:00h. Soraia e Júlio ficam no Sujinho até as 20:00h. “Depois de fecharmos, nós arrumamos as coisas, colocamos os refrigerantes para gelar para o dia seguinte e vamos para casa.” Disse Júlio. Apesar de ir embora, o trabalho do casal não termina. “Em casa a gente cozinha o frango e já deixa mais ou menos preparado para fazermos o sanduíche natural do dia seguinte.”

Quando Júlio e Soraia estão chegando em casa, por volta das 22:00h, os últimos clientes do Restaurante do Seu Manuel, geralmente estudantes que moram no abrigo do Campus do Fundão e trabalhadores do Shopping Rio Sul em fim de expediente, pedem os últimos sanduíches. Com o restaurante fechado, os funcionários lavam o chão e as máquinas, guardam os salgadinhos, além de já deixar alguns alimentos cortados e preparados para serem cozidos na manhã seguinte. Com tudo arrumado, a equipe tranca as portas, apaga as luzes e vai embora, para que, às 5:30h da manhã do dia seguinte, recomeçar todo o trabalho. Isso com exceção dos fins de semana, quando vão à praia tomar a cervejinha, que é de lei.

sábado, 27 de março de 2010

Fora do ninho, cada vez mais cedo.

Por Lucas C. Silva

Logo pela manhã, sua mãe vem te acordar. Ainda morrendo de sono, senta-se à mesa, onde um café da manhã está pronto. Na gaveta, roupas lavadas e passadas. Em muitos casos, ao chegar casa, sua cama está arrumada e seu prato de comida está te esperando, quente. Todo esse conforto é trocado por muitos jovens, inclusive antes de completarem a maioridade, pela vida de independente em repúblicas, casas de primos ou próprias mesmo. Estes é o caso de José Carlos e Bruna, pessoas de gerações diferentes que tem em comum o fato de terem deixado a cidade, e até mesmo o estado, dos pais em busca de um futuro melhor.

Em 1984, José Carlos da Silva, então com 19 anos, deixou a pequena cidade mineira de Carmo do Cajuru, localizada a 100 quilômetros a oeste de Belo Horizonte, indo para São Paulo. Em busca de um emprego melhor, o rapaz partiu para a maior cidade brasileira, assim como outros inúmeros jovens do interior do país.

Formado num curso profissionalizante de eletrônica e com a experiência de alguns anos consertando televisões e rádios, José Carlos partiu para São Paulo nos últimos meses de 1984. “Decidi ir para São Paulo por ter as melhores oportunidades de emprego.” Lembraria quase 36 anos depois. Na capital paulista, José Carlos procurou trabalho por dois meses, período este que ficou hospedado na casa de seu irmão mais velho, Vander.

Após o período de entrevistas, o rapaz voltou à casa dos pais no interior de Minas Gerais. Então, no início de 1985, recebeu a notícia de que conseguira o emprego de técnico de eletrônica no setor de telecomunicações da Varig, na época uma das maiores empresas aéreas do mundo. Com um bom emprego garantido, José Carlos, prestes a completar 20 anos, deixou definitivamente a casa dos pais.

Apesar do bom salário, que lhe permitia alugar um apartamento na região de Santana, Zona Norte de São Paulo, José Carlos encarou alguns desafios. Sem saber cozinhar direito, comia sempre fora, porém lavava e passava a própria roupa. Um dos aspectos que mais estranhou na capital foi o preconceito dos paulistas contra as pessoas que vinham de fora. “Os paulistas sempre nos tratavam muito mal.” Reclama ainda hoje, sete anos após ter deixado a cidade. “Uma das coisas que eu mais ouvia era que nós, migrantes, tomávamos o emprego deles.” Completa.

Apesar do preconceito, o maior problema que José Carlos enfrentava era justamente a saudade de casa. “Eu sentia muita falta da família, da minha casa antiga e de Cajuru.” Quando a saudade apertava, José Carlos resistia até o fim de semana e viajava 520 quilômetros, para visitar a cidade natal. Mas não foi apenas os pais e amigos que ele deixou em Carmo do Cajuru. Sua namorada, Ângela, morava na cidade, porém a saudade durou pouco.

Seis meses após sair de Minas Gerais, José Carlos casou-se com Ângela. “Depois que ela foi para São Paulo, tudo ficou mais fácil. Agora eu tinha uma companhia.” Disse. Casada com ele até hoje, Ângela se lembra da época: “Fui para São Paulo aos 22 anos. No início foi difícil, porque nunca tinha morado longe dos meus pais. Depois me acostumei e tudo ficou muito melhor.”

Estabelecida em São Paulo, a família cresceu. Em 1989 nasceu o primeiro filho do casal, Lucas e 2 anos depois, nasceu o caçula, Felipe. Ambos mineiros, porém criados em São Paulo, onde a família viveu até 2003, quando teve de se mudar para o Rio de Janeiro. Hoje, relembrando sua luta, José Carlos não se arrepende do que fez. “Se eu conseguisse um bom emprego, faria hoje tudo de novo.” e complementa “não acho que as coisas tenham mudado dos anos 80 até hoje. O jovem que sai de casa hoje vai enfrentar as mesmas dificuldades que enfrentei quando saí.”

Bruna Acácio deixou a casa dos pais ainda mais cedo. Aos 15 anos foi admitida no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, Coluni, sendo obrigada a viver longe dos pais em Conselheiro Lafaiete, a 96 quilômetros ao sul de Belo Horizonte. Ao se formar no Coluni, um novo desafio. Admitida em quatro universidades federais, a estudante de Comunicação Social percebeu que sua vida como independente continuaria durando por mais algum tempo. Talvez sendo preciso se mudar para outro estado.

Antes mesmo de ir a Viçosa, cidade mineira localizada a 230 quilômetros a sudeste de Belo Horizonte, Bruna já havia morado um tempo longe dos pais. Quando cursava a sétima série, foi morar com os pais na casa de sua avó em Piranga, entre Conselheiro Lafaiete e Viçosa. “Meu pai é nômade, parece que gosta de se mudar.” Diz a garota que ainda viveu um tempo com os pais em Alfenas. Os pais nômades voltaram à Lafaiete e a garota ficou morando na casa da avó até completar o ano letivo.

Bruna, aos 15 anos, viajou com o pai a Viçosa para fazer as provas de admissão no Coluni. “Escolhi o Coluni por ser uma escola referência na região.” Disse a garota. Mais do que regional, o colégio é referência nacional, visto que nos últimos anos esteve sempre entre os 10 melhores colégios do país, de acordo com avaliações do Ministério da Educação. Admitida, surgiu o primeiro desafio para Bruna, encontrar um local para ficar.

“Foi meio complicado. Não pela disponibilidade, mas porque queria um lugar bacana, com pessoas confiáveis e por um bom preço.” Lembra. Depois de alguma procura, Bruna encontrou um local que atendia às suas expectativas. Na verdade, ela que foi encontrada: “No dia da inscrição no Coluni, a mãe da Júlia e da Ana, que dividiram apartamento comigo nos três anos do ensino médio, me perguntou se eu queria dividir um quarto.”

Bruna não as conhecia pessoalmente, apenas havia falado com uma das garotas via internet. Chegou no quarto de uma república próxima ao Coluni e, após conversar rapidamente com elas, o negócio foi fechado. “Foi um tiro no escuro. E acho que nunca mais acertarei outro tiro tão bem quanto dessa vez.” Com todos satisfeitos, especialmente Carlos, o pai de Bruna que preferia que sua filha tivesse como companheiras de quarto duas meninas de família a universitários desconhecidos, a garota arrumou suas malas e partiu para Viçosa.

O período em que Bruna dividiu o apartamento com Júlia e Ana foi, nas palavras da garota, uma época de grande crescimento pessoal. Pela primeira vez na vida, Bruna tomava as próprias decisões, além de ter aprendido a ser mais solidária com os amigos: “como a família está longe, precisamos de algum apoio, algum carinho e até de alguém para brigar, afinal cedo ou tarde, despimos nossas máscaras.” Neste período, assim como no caso de José Carlos, os pais de Bruna raramente iam visitá-la em Viçosa. Ela, pelo contrário, voltava à Conselheiro Lafaiete periodicamente, primeiro a cada duas semanas, depois a cada três. “As vezes me pergunto se fiz certo ao sair de casa tão cedo. Será que não aproveitei satisfatoriamente o dia-a-dia com minha família? É claro que sempre teremos uma relação e um vínculo, entretanto a rotina familiar é outra coisa.” Comenta Bruna, cujos irmãos mais velhos, Carla e Bruno, vivem em Ouro Preto e Quissamã, Região dos Lagos no Rio de Janeiro, respectivamente.

Chegar em Viçosa foi complicado para Bruna: “no início é muito difícil se adaptar à saudade de casa, dos velhos amigos e namorado, mas aos poucos você estabelece vínculos na nova cidade e as coisas ficam mais fáceis.” Adaptada à cidade e com grandes amigos feitos, chegou o terceiro ano do Ensino Médio e com ele todos os desafios do vestibular. A garota fez a prova para quatro universidades federais: Juiz de Fora, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Viçosa e foi aprovada em todas, no curso de Comunicação Social. Em dúvida entre as federais de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, que possuíam os melhores cursos, Bruna sabia que não voltaria à casa dos pais, porém teria de deixar Viçosa. “Ao mesmo tempo que queria que toda aquela relação construída ao longo dos três anos no Coluni continuasse, tinha plena noção de que a vida tinha de continuar e meu futuro não estava em Viçosa.”

Mais adaptada à vida longe da casa dos pais, surgiu outro desafio à garota. Dissuadida de estudar em Viçosa ou Juiz de Fora, a garota teve de se decidir entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro. “A UFRJ tem uma cotação melhor que a UFMG em provas como o Enade, mas em Belo Horizonte eu estaria mais perto da minha família e sairia mais barato.” Disse. Entre o período de aprovação nos vestibulares e o início das aulas, foi um período de angústia e muita dúvida para a garota.

Apesar do curso mais bem conceituado, o Rio de Janeiro apresentava algumas dificuldades. Além da distância maior da família, Bruna não conseguia encontrar um apartamento “Os que estavam disponíveis, só o aluguel ia sair a 600 reais. Eu teria de viver às custas do aperto dos meus pais, sem poder fazer um curso de línguas e indo ao cinema com os amigos a cada dois meses.” Em Belo Horizonte, ao contrário, suas primas Aline e Patrícia moravam nas proximidades da universidade e lhe ofereciam uma vaga. “Depois refleti melhor. Como assim eu estava dispensando uma universidade maravilhosa (referindo-se UFMG) do lado de casa, e a oportunidade de morar com minha prima que é minha melhor amiga de infância? Além disso, pensei ‘estou assistindo a muitas novelas de Manuel Carlos, pensando que terei uma vida de Leblon’.” brinca.

Há um pouco mais de um ano morando com as primas, Bruna, hoje com 20 anos, diz estar gostando muito de dividir o apartamento com elas, até porque as três se relacionam bem. “As vantagens de se morar com as primas é que elas te conhecem. As desvantagens é que elas te conhecem.” Brinca. “Mas agora terei um novo desafio: encontrar uma colega para dividir um apartamento.” Sua prima, Patrícia, está de casamento marcado e terá de ir embora, deixando Bruna sozinha. Numa inversão de papéis, a garota não está procurando por algum lugar para ficar, mas por alguém que divida apartamento.

Ao contrário de José Carlos, que se dedicava totalmente a um emprego que lhe permitia pagar um aluguel próprio, Bruna possui um horário irregular na UFMG, cursando matérias nos períodos da manhã, tarde e noite, sendo obrigada a depender financeiramente dos pais. Por isso, terá de dividir o apartamento com alguém. “Amo o lugar que moro, amo morar com minhas primas e tenho ótimos vizinhos e pago aluguel barato. Não consigo nem cogitar atualmente ter um apartamento próprio.” Assim, vencendo um desafio após o outro, Bruna vai avançando em sua jornada, longe da casa dos pais.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Lead, Chapéu, Olho, Sutiã e outras palavras que um jornalista deve conhecer

Não sou mais calouro de Comunicação Social. Agora, aquele que vos escreve é sustenido, isso é, aluno do segundo período. E como tal, tenho mais obrigações, inclusive a obrigatoriedade de inscrição em um laboratório.
O laboratório que escolhi foi o de Redação e Edição de Textos Jornalísticos e, já para a terceira aula, tenho que escrever um texto baseado no lead, com uma lauda, com título, intertítulo e sutiã.
Mas afinal, que história é essa de lead, lauda e sutiã?
Vamos começar pelo mais simples. Lauda é simplesmente uma página. O normal é considerar uma pagina de Word com letra Times 12 e espaçamento de linha 1.5. Portanto, a reportagem que devo entregar no fim da semana deve ser feita em uma página.
Seguindo o Modelo de Lasswell, toda reportagem deve responder a seis questões básicas: Quem? O quê? Onde? Quando? Por quê? Como? Essas questões costumam ser respondidas logo no primeiro parágrafo da reportagem, formando assim o chamado Lead da matéria.
Em algumas reportagens de revistas e jornais (em sites parece ser mais difícil de encontrar) sobre o título há uma pequena informação, geralmente uma frase curta relacionada ao assunto. Essa frase é chamada de Chapéu.
Logo abaixo do título, antes do parágrafo introdutório da matéria, há outro parágrafo com o objetivo de ambientar o leitor ao assunto tratado. A esse parágrafo, damos o nome de Sutiã (visto que ele "sustenta" o título, tal qual o sutiã sustenta os seios).
Separei os termos por cores, para que possa ficar mais fácil de identificá-los, na reportagem fictícia que colocarei abaixo, exemplificando o que eu disse:

Violência no Rio.
JOVEM É ASSASSINADA DURANTE TENTATIVA DE ASSALTO NA ZONA NORTE DO RIO
Ela voltava da faculdade e foi baleada durante um assalto na rua José Higino, na Tijuca.

Uma jovem de 21 anos, identificada como Alice Pena foi assassinada nessa noite (03), durante um assalto na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro.

Além dos termos tratados acima, ainda há o chamado Olho. O olho é um trecho do texto destacado no meio da página. Esse trecho pode ser uma declaração marcante de alguém envolvido com o assunto ou uma informação que merece algum destaque. O que a caracteriza é que ela é destacada com aspas ou em itálico, e colocada num ponto da página que o destaque visivelmente ou gráficamente. Como exemplo, usarei uma reportagem sobre crimes eletrônicos do jornal Destak, de 30 de março de 2009:

A descoberta é fruto de dez meses de investigação

Governo Chinês nega envolvimento; para pesquisadores não há evidências contra país


da organização Information Warfare Monitor (IWM), a pedido do dalai-lama, líder espiritual do Tibete.


Outro recurso utilizado nos textos jornalísticos e que é de grande importância é o intertítulo. Apesar do jargão, também é conhecido como subtítulo, e serve para orientar cada um dos blocos da reportagem, como pode ser vista nessa matéria do Globoesporte.com, sobre a declaração do presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, dizendo que existiria uma quadrilha na Federação Mineira de Futebol:

...Como se não bastasse, Kalil chamou o árbitro da partida, Alicio Pena Júnior, de "ladrão velho".

Relembre o caso

O presidente atleticano foi denunciado em dois artigos: 187, incisos I e II...

Aqui só falei da ponta do iceberg. Ainda há muito mais termos e conceitos envolvendo a redação jornalística. Mas isso é assunto para outro dia. Espero ter ajudado os leitores desse blog que querem seguir essa carreira fascinante! E nas próximas postagens, coloco aqui a reportagem do trabalho passado pelo professor.

Lucas C. Silva

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Razão acima da emoção

"A razão antes do coração." Sei que é bem difícil, no futebol ou na vida, seguir o mandamento de Ernest Hemingway.

A frase que começa essa postagem foi escrita pelo cronista, jornalista e escritor mineiro Roberto Drummond, em sua estréia como cronista esportivo no Estado de Minas. Atleticano fanático, Drummond falava exatamente sobre a questão da emoção e da razão de um jornalista, que o profissional não deve deixar transparecer sua opinião ou emoção. Esteja ele falando de seu time do coração, de um desastre ou de um assalto.
Agora, até onde o jornalista deve deixar de lado sua emoção para contar uma notícia? No último domingo, dia 7 de dezembro, cheguei em casa da final da Copa Campus, um teste para meu coração e principalmente para o meu emocional.
A final foi entre Tornassol (time de Engenharia Química da UFRJ) e Padaria (equipe de Educação Física da UFRJ). Nos pênaltis, o Padaria levou a melhor, vencendo sua primeira Copa. Por mais que você queira não torcer, você acaba torcendo por alguém. Não tem jeito. E quando o juiz apita o final do jogo, ou quando o último pênalti é batido e um dos times se torna campeão, alguma emoção toma conta de você. Alegria ou decepção. Falar que não se sente nada é hipocrisia. Ainda assim, por mais feliz ou triste que você esteja, você deve sempre enterrar seu sentimento.
Mas será que não transmitir emoção em nenhuma situação é tão bom assim?

Mas celebrar ou lamentar um título nem foi meu maior problema na cobertura da Copa. Aconteceram uns lances aí durante a semana, que pouco tem a ver com a Copa, mas que me destruíram por dentro. Sentei na mesa do computador para digitar as matérias da Copa com o coração despedaçado, a alma destruída, com um desânimo e tristeza que não sentia havia muito tempo.
Eu não tinha cabeça nem coração para escrever a matéria. Mas o que eu iria fazer? Simplesmente não falar da decisão do terceiro lugar, nem da luta pela artilharia da Copa?
Não. Acima de tudo, tive que colocar a razão acima da emoção e cumprir meu papel de jornalista. Por pior que eu estivesse, simplesmente não poderia deixar de cumprir meu dever. Queria que minhas possíveis matérias de despedida da Copa (não sei se continuarei no ano que vem) fossem feitas com a mesma garra que fiz todas as outras.

Bem, gente, por hoje é só...
Ainda ando meio desanimado, mas esse não é meu blog pessoal. É mais profissional.
E os links das postagens são pra minhas matérias no site da Copa, podem clicar!

Lucas C. Silva

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Entrevista com Renato Marsiglia

Aqui está a reportagem que deveria sair no site da Copa Campus durante esta semana.
Por Carolina Drago e Lucas C. Silva

A arbitragem e seus desafios voltam a ser assunto da Copa. Agora, ultrapassando os gramados do Colégio Batista, em direção aos estádios do mundo. E quem nos ajuda a compreender melhor essa realidade, tão polêmica quanto envolvente, é Renato Marsiglia, ex-árbitro – FIFA de futebol e, como jornalista esportivo, atual comentarista da Rede Globo.
Em uma entrevista rica em experiências, conteúdo e simpatia, Renato esclarece dúvidas sobre sua carreira, comenta sobre a tecnologia nos gramados, opina sobre a polêmica profissionalização da arbitragem, fala sobre esporte universitário, Copa do Mundo e ainda presenteia a nossa equipe com uma mensagem de incentivo e a experiência de quem já viveu.


- Você foi árbitro de basquete nos anos 70 e 80. Como foi sua passagem para o futebol?
- Em primeiro lugar, é um prazer enorme estar falando com vocês. Comecei como jogador de basquete nos anos 60, mas parei por causa da faculdade de Economia. Então me tornei árbitro internacional de basquete. Quando eu estava nos Jogos Pan-Americanos de 1979, em San Juan, Porto Rico, José Roberto Wright, que viria a se tornar meu colega de trabalho na Globo, me convenceu a fazer o curso de arbitragem. Me tornei árbitro de futebol em 1980 e minha carreira se estendeu até 1994, quando apitei na Copa do Mundo dos Estados Unidos.

- Como foi essa transição da arbitragem para o jornalismo esportivo?
- No início foi difícil. Apesar de já estar acostumado a dar entrevistas, é diferente de ser comentarista. Eu não tinha base acadêmica para o jornalismo e só fui fazer a faculdade após estar trabalhando 4 anos na RBS (afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul), onde trabalhei até 2004. Desde 2000 eu vinha dividindo meu tempo entre RBS e Globo. Sofri uma certa rejeição por não ser jornalista, mas aos poucos o gelo foi quebrando e fui dando seqüência à minha carreira de comentarista sem problemas.

- Qual é a vantagem que o comentarista tem sobre o árbitro? E o que você prefere fazer, apitar ou comentar?
- Não dá para comparar apitar e comentar. Foram atividades distintas e momentos distintos da minha carreira, de que tenho muito orgulho. Encerrei meu ciclo na arbitragem quando apitei a Copa do Mundo, 3 anos antes do limite para me aposentar. Hoje gosto muito do que faço como comentarista. É evidente que comentar é mais fácil, até porque temos replay, tira-teima, não temos a pressão dos jogadores e técnicos e as ofensas dos torcedores. Agora, o que eu prefiro? Quando apitava, preferia apitar, agora que comento, prefiro comentar.

- Como foi apitar a Copa do Mundo e que lembranças você traz dela?
- São lembranças maravilhosas. A Copa do Mundo é uma competição de altíssimo nível, com uma estrutura extraordinária para árbitros, seleções e jogadores. Tudo funciona como um relógio suíço, que é onde fica a sede da FIFA (risos). É o ponto máximo da carreira do árbitro e do jogador. Bilhões de pessoas estão vendo seu trabalho, é um momento mágico.

- Qual é sua opinião sobre a profissionalização da arbitragem?
- A profissionalização é fundamental para o crescimento da arbitragem e, conseqüentemente, para a diminuição dos erros. Hoje, o árbitro é um amador no meio de profissionais. Ele recebe apenas quando apita, por isso vive numa preocupação constante, já que não pode ficar doente, ou se lesionar. Um árbitro FIFA, que fica um mês afastado, perde pelo menos 10, 12 mil reais. Como vai sustentar sua família? Eu mesmo já apitei GreNal decisivo com quarenta graus de febre. Tomei uma injeção uma hora antes do jogo e entrei em campo, já que não podia abrir mão da taxa de arbitragem. O árbitro acaba fazendo esses sacrifícios que podem estragar o espetáculo, mas pode-se condená-lo por isso? Na Inglaterra, a Premier League paga salário e mais um adicional por partida que ele apita. Se não puder atuar, o árbitro e sua família estarão assegurados.

- Como a tecnologia pode ajudar a arbitragem atualmente e no futuro?
- Hoje a tecnologia trabalha contra o árbitro, sendo mais um fator de pressão. Os árbitros de hoje são mais qualificados que os da minha época, do Arnaldo César Coelho ou do Armando Marques. O que acontece é que na nossa época não existiam os recursos eletrônicos que existem hoje. Mesmo os árbitros errando menos hoje, seus erros possuem uma visibilidade muito maior que há 15, 20 anos. Não vejo, a curto prazo, como esses recursos podem ajudar a arbitragem, até porque é contra a cultura do futebol ficar parando toda hora para analisar cada lance. A tecnologia pode ajudar o árbitro em seu preparo, isso se ele tiver o profissionalismo e a humildade necessários para, ao terminar uma partida, ir para frente do videotape e analisar sua atuação.

- E quanto aos jogadores que reclamam da arbitragem no fim do jogo, o que você acha de sua punição?
- Se o jogador, dirigente ou técnico declarar o que bem entender ao final de uma partida, imagine no que o futebol vai se transformar. O que eles dizem vai para a mídia, vai para o ouvido do torcedor que processa essa informação com emoção. O torcedor não é racional, ele é torcedor, torce, distorce. Só vê o lado que lhe interessa. Como é que ele vai processar essa reclamação que escuta um técnico, jogador ou dirigente dizer? E se o jogador pode dizer essas coisas, o árbitro vai se sentir no direito de ir ao microfone e sair ofendendo o jogador. Tem que haver um limite até em respeito à honra das pessoas. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva atende a jogador, técnico, dirigente e árbitro. Todos estão sujeitos à lei.

- O que você acha do esporte universitário?
- Por uma questão de experiência familiar, acho que a universidade deveria oferecer um papel muito importante dentro do esporte. Tenho um filho, Guilherme, de 20 anos, numa universidade americana, a Universidade Drake, no estado de Iowa. Ele foi pra lá como tenista. Lá, os atletas são formados pela universidade. Aqui é diferente, é via clube, academia. As universidades não possuem os recursos daquelas dos EUA, que são mantidas por fundações, doações de empresas e pessoas físicas. O Estado brasileiro deveria incentivar o esporte via sistema escolar. Sem contar o que o esporte ensina para a vida, com educação, disciplina, respeito à hierarquia, ao companheiro. O papel do estudo na formação através do esporte é fundamental; pena que no Brasil não funciona assim.

- Quais são os melhores e piores estádios do Brasil para se apitar?
- Na Série A, prefiro repetir o que os jogadores disseram. Fizeram uma pesquisa com os capitães das 20 equipes da Série A perguntando quais eram os melhores e os piores gramados para se jogar e apontaram o Beira Rio, em Porto Alegre, como o melhor, e Aflitos e Ilha do Retiro, ambos em Recife, como os piores. Há estádios absolutamente confortáveis, como Maracanã, Morumbi, Mineirão, Serra Dourada, Olímpico e aqueles mais acanhados. Para evitar ser preconceituoso, fico com a opinião dos jogadores.

- E quais são suas expectativas para a Copa do Mundo de 2014?
- É utopia imaginar que a Copa do Mundo do Brasil será quase perfeita, como a da Alemanha. Em questão de economia, organização e outros aspectos, a Alemanha está acima da Europa. Os alemães trabalharam de uma forma perfeita em 2006, pensaram em todas as alternativas e soluções para os problemas, fazendo uma Copa acima de todas as expectativas. Nós não temos como fazer uma Copa assim, apesar de eu não estar dizendo que nossa Copa será ruim. Pela extensão do Brasil, as viagens deverão ser feitas de avião. Mas os aeroportos estão com problemas. Os acessos aos estádios são complicados. O que fazer? Alargar as ruas que vão para o Maracanã? Não dá, pessoas moram ao redor das vias. Deve-se usar o que se tem. Deve haver criatividade para pensar no acesso aos estádios, para que as pessoas cheguem de uma forma segura. E o país pode ganhar com a Copa em matéria de organização. Vai ser uma Copa com a cara do Brasil, e não com a cara de Alemanha.

- Você tem alguma mensagem para os estudantes da UFRJ?
- Desejo sucesso a todos os estudantes de Comunicação da Universidade Federal, que escolheram essa difícil profissão e que vai exigir de todos uma grande dedicação e capacidade criativa, acima de tudo. E se posso dizer uma coisa a vocês, alunos de Comunicação, eu que também sou formado em Jornalismo em Porto Alegre, é que leiam. O jovem de hoje não tem esse hábito, mas é muito importante que vocês adquiram a cultura da leitura. Leiam de tudo, sobre tudo. Ninguém entra numa faculdade pensando que vai ser jornalista esportivo, comentarista político. A vida dá muitas voltas.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A primeira reportagem

Parte 2: A Edição

Entrar em contato, marcar entrevista, pensar nas perguntas, ir ao hotel, entrevistar... Por incrível que pareça, essa é a parte mais fácil de fazer a matéria. Pelo menos foi a parte mais fácil na reportagem com o Renato Marsiglia.
A Carol e eu queríamos arrasar nessa matéria. O site do Sidney Rezende, onde está hospedo o site da Copa Campus, oferece um prêmio para a melhor matéria. Temos humildade para saber que dois calouros de Comunicação não seriam páreos para jornalistas mais experientes, mas queríamos que essa matéria fosse especial, diferente das outras da Copa.
A solução pra isso foi fazer uma matéria multimídia. Além do texto, coisa comum no site, queríamos colocar um vídeo, com trechos da entrevista, no melhor estilo Globoesporte.com. E lá fomos nós, dois bravos calouros com uma câmera na mão, uma idéia na cabeça e muita garra.
Como eu disse na última postagem, a reportagem correu bem, mas tivemos dois probleminhas técnicos. O primeiro: Quem filmaria? A idéia original era a Carol e eu termos uma conversa com o Renato. Pedimos a um turista para filmar a matéria, mas ele não sabia usar a câmera. Além disso, a entrevista acabou durando 32 minutos e, com certeza, aquele turista tinha mais coisas a fazer. Acabou que a Carol teve que filmar a entrevista. O segundo: Não tínhamos um microfone. A câmera captava todo o som ambiente, desde a conversa dos recepcionistas do hotel até os carros na rua. A solução foi gravar o áudio da entrevista no celular para depois fazer alguma mágica no computador (chamada edição) e colar o áudio ao vídeo.
Aí que começou a complicação. Eu disse à Carolina que eu assumiria a edição da entrevista, que ela não precisava se preocupar com nada. Ela insistiu em ajudar, mas eu disse que não precisava. Ainda mais porque ela ia pro interior do Rio naquela semana e a entrevista mais o áudio tinham uns 500mb. Não daria pra passar pelo msn. O que eu havia me esquecido é que o fim do período estava chegando. A pilha de textos para provas aumentava na mesma proporção que o tempo para lê-los diminuia. E agora eu tinha mais um trabalho nas mãos. Minha preocupação com essa reportagem mais os trabalhos e provas foi tamanha que no sábado a noite fui parar na clínica com dores no peito, no braço e formigamento na mão. Graças a Deus, não foi nada demais.
Por favor (até mesmo pra você, Carol, se ler esse texto), não pensem que ela me deixou na mão. Muito pelo contrário. Se não fosse por ela, a entrevista nem teria acontecido. Afinal, foi ela que entrou em contato com o Renato. Ela revisou o texto, criou a introdução, foi nota 10!
Meu pai e eu ficamos ontem, até quase meia noite sincronizando áudio e vídeo, cortando e colando cenas, criando vinhetas e pesquisando músicas. Como eu disse, não queria que esse vídeo ficasse ruim. Queria fazê-lo do melhor jeito que eu pudesse. Depois de muito esforço e perder o CQC (único programa da TV que assisto religiosamente), saiu esse vídeo:


Agora é esperar pela publicação da reportagem no site e pelos frutos do trabalho.
Lição tirada nessa experiência: Trabalho em equipe. Não assuma todo o trabalho sozinho. Mais uma vez, não estou aqui dizendo que a Carol foi negligente ou que não se esforçou. Muito pelo contrário. Eu é que assumi uma função complicada para fazê-la sozinho, ainda mais com tanta coisa na faculdade para fazer. Editar um vídeo, ainda mais sendo um semi-analfabeto no Vegas, não é das coisas mais fáceis do mundo.

*Carol, adorei fazer essa entrevista com você. Eu não poderia ter encontrado uma parceira tão incrível! Você tem futuro, menina!

Falando em jornalismo esportivo, aqui vai um puxão de orelha na imprensa "nacional". Ano passado, na Copa do Brasil, o Atlético Mineiro foi eliminado graças a um pênalti não dado por Carlos Eugênio Simon. No domingo, o mesmo Simon não deu um pênalti para o Flamengo. E a imprensa está fazendo uma tempestade em copo d´água por causa disso. Por que um erro contra o Flamengo causa tamanha comoção enquanto um erro contra o Atlético é apenas mais um erro?

Como disse o presidente do Cruzeiro, Alvimar de Oliveira Costa:
"Os times de Minas Gerais já foram prejudicados em inúmeras competições contra equipes do Rio. Podemos lembrar facilmente de vários exemplos: a perda do Brasileiro de 74 pelo Cruzeiro contra o Vasco e até mesmo as arbitragens favoráveis ao Flamengo contra o Atlético-MG na final de 80 e na Libertadores de 81, mas parece que esses são jogos “esquecidos” no Rio de Janeiro."

Lucas C. Silva